Descubra como The Babadook transcende o terror convencional com uma história envolvente sobre luto, maternidade solo e os monstros internos que enfrentamos
The Babadook
É um filme de horror psicológico e drama lançado em 2014, uma co-produção entre Austrália e Canadá, escrito e dirigido por Jennifer Kent. Baseado no curta-metragem Monster (2005), o longa marca sua estreia como diretora de filmes de longa duração. Desde sua exibição no Festival de Sundance, The Babadook tem sido amplamente elogiado por evitar clichês do gênero e oferecer uma experiência reflexiva, com profundidade emocional e uma atmosfera densa.
Amelia (Essie Davis) é uma mãe solo que enfrenta a difícil tarefa de criar seu filho de seis anos, Sam (Noah Wiseman), enquanto lida com a dor não resolvida da perda de seu marido. Desde a morte do pai, ocorrida no mesmo dia do nascimento de Sam, Amelia tem sido atormentada por memórias dolorosas que ela tenta suprimir a todo custo.
Sam, como muitas crianças, acredita na existência de monstros e vive com medo de ser atacado por eles. Amelia tenta acalmá-lo, mas sua paciência é constantemente testada pelo comportamento problemático e hiperativo do menino. Certo dia, Sam encontra um livro misterioso intitulado Babadook e insiste que a mãe leia a história para ele. A partir desse momento, uma presença sombria parece se infiltrar na casa, transformando o medo infantil em algo muito mais real – e perigoso.
Desenvolvimento das Personagens
O coração de The Babadook está na relação entre Amelia e Sam. Amelia é uma personagem complexa, retratada com honestidade crua. Ela é uma mulher exausta, carregando sozinha o peso da maternidade e do luto, enquanto tenta lidar com o comportamento hiperativo e ansioso de seu filho. Essie Davis entrega uma performance impecável, capturando as nuances de uma mãe em crise, com momentos de fragilidade e explosões de frustração.
Sam, por outro lado, é uma representação autêntica das dificuldades da infância em situações de perda e instabilidade emocional. Noah Wiseman consegue equilibrar os momentos de vulnerabilidade e intensidade, fazendo o público oscilar entre empatia e exaustão – assim como sua mãe no filme.

The Babadook é, acima de tudo, um estudo sobre as complexidades emocionais da maternidade solo. Amelia não é retratada como uma heroína perfeita ou uma mãe exemplar; ela é uma mulher cansada, oprimida por suas circunstâncias e pelo luto não resolvido. A relação com seu filho é marcada pela irritação, frustração e um amor que, por vezes, parece sufocado por camadas de ressentimento.
O ambiente doméstico, onde a maior parte da história se desenrola, reflete o estado emocional de Amelia. A casa é fria, seca e desolada, simbolizando o isolamento e a angústia que ela sente diariamente. É um espaço opressor, que amplifica o terror psicológico do filme e coloca o público diretamente na mente da protagonista.
The Babadook Sempre Presente
O longa utiliza a rotina doméstica como palco para cenas de tensão crescente. Momentos aparentemente banais ganham um peso quase insuportável à medida que o terror psicológico se intensifica. Uma cena particularmente interessante é quando Amelia encontra o livro Mister Babadook novamente, após tê-lo destruído, revelando que a presença do monstro é inescapável. O uso de som – ou da falta dele – amplifica o medo e a angústia do público.

Alegorias e Referências
O Babadook não é apenas um monstro literal, mas uma poderosa metáfora para a depressão, o luto e o peso emocional da maternidade solo. A frase repetitiva do livro, “Você não pode se livrar do Babadook”, reforça a ideia de que esses sentimentos não podem ser ignorados ou suprimidos – eles precisam ser enfrentados.
Jennifer Kent se inspira em clássicos do horror psicológico para criar a atmosfera opressiva do filme. Entre as referências estão:
- Repulsa ao Sexo (1965): Assim como o filme de Polanski, The Babadook explora o isolamento e a deterioração emocional da protagonista.
- O Iluminado (1980): A dinâmica entre Amelia e Sam lembra a relação tensa de Jack Torrance com sua família, além do uso da casa como extensão do estado mental dos personagens.
O Título e o Livro
O nome Babadook é um anagrama de “a bad book” (um livro mau). O design do livro e da criatura foi inspirado em filmes de horror clássico, especialmente no expressionismo alemão.

Fotografia e Trilha Sonora
A cinematografia de The Babadook é um elemento essencial para sua atmosfera. A paleta de cores sombria, dominada por tons frios e neutros, reflete o estado emocional de Amelia e o isolamento em que ela vive. O uso de sombras e enquadramentos claustrofóbicos aumenta a tensão e imerge o espectador no terror psicológico do filme.
A trilha sonora, composta por Jed Kurzel, é minimalista e eficiente, utilizando silêncio e sons diegéticos para construir uma sensação de desconforto. Os momentos de máxima tensão são acompanhados por arranjos sonoros quase imperceptíveis, que aumentam o impacto do horror.

Vale a Pena Assistir?
The Babadook é muito mais do que um filme de terror – é uma obra que usa o gênero para explorar emoções humanas profundas e universais. A combinação de atuações incríveis, uma direção cuidadosa e uma narrativa carregada de significado transforma o filme em uma experiência não apenas assustadora, mas também emocionalmente impactante. Prepare-se para refletir sobre os monstros que habitam tanto o mundo real quanto o interior de cada um de nós.
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