Nosferatu: Uma Sinfonia do Horror – Um Clássico Atemporal Revive no Cinema de Robert Eggers
A sinistra silhueta de garras afiadas que marcou o cinema mudo em 1922 segue assombrando o imaginário coletivo por mais de um século. Nosferatu: Uma Sinfonia do Horror não apenas redefiniu o gênero de terror, como também influenciou inúmeras histórias sobre vampiros ao longo das décadas.
Embora não oficialmente baseado em Drácula, de Bram Stoker, o visionário diretor F.W. Murnau estabeleceu conceitos que hoje são essenciais ao folclore vampiresco, como a destruição dos vampiros pela luz do sol – uma ideia inovadora para a época. Agora, o diretor Robert Eggers (A Bruxa, O Farol) revisita essa lenda com uma abordagem mais assustadora e profundamente psicológica.
Uma Obsessão de Infância
No clássico original, acompanhamos Thomas Hutter, um agente imobiliário enviado à Transilvânia para negociar com o misterioso Conde Orlok. Contudo, a verdadeira intenção do vampiro é capturar a alma de Thomas – e, principalmente, de sua esposa Ellen. Essa história marcou profundamente Robert Eggers desde a infância, como ele revelou em entrevista à ABC Entertainment:
“Já devo ter assistido umas 100 vezes. Às vezes, acordo no meio da noite e coloco o filme de fundo para tentar dormir. Existe uma razão para as pessoas ainda falarem sobre esse filme. Outros vieram antes, mas, de muitas maneiras, ele foi quem inventou o gênero terror.”
Eggers descreveu como sua antiga cópia em 16mm, desgastada pelo tempo, apagava detalhes de maquiagem e próteses do ator Max Schreck, fazendo-o acreditar que Orlok era uma figura real. Esse fascínio o levou a reinterpretar a obra, focando em novas camadas narrativas e emocionais.
Protagonismo Feminino
Famoso por dar um toque único a narrativas sombrias, Eggers trouxe Nosferatu para os dias atuais alterando o foco da trama. Na nova versão, Ellen, interpretada por Lily-Rose Depp, assume o papel central da narrativa.
“Na minha versão, é a história dela desde o início. No filme de Murnau, você percebe uma relação de amante demoníaco que eu pude explorar muito mais a fundo,” explica Eggers.
Diferente do clássico, onde Ellen só encontra Orlok no terceiro ato, o remake estabelece uma conexão sinistra entre os dois desde a infância da personagem. Quando Thomas, interpretado por Nicholas Hoult, visita o castelo de Orlok e mostra um medalhão com a foto de Ellen, a obsessão do vampiro é reacendida, criando um triângulo amoroso macabro.
“Eles têm uma conexão. Ele desaparece, mas retorna para destruí-la. Ainda assim, também há um relacionamento afetuoso entre ela e o marido, embora falte a paixão visceral que ela sente por este demônio,” detalha o diretor.
Uma Batalha pelo Corpo e pela Alma
A relação entre Orlok e Ellen transcende o mental e se manifesta em ataques violentos. Suas mãos se contorcem, seus olhos reviram, e os episódios de possessão são ignorados pelos que a cercam. Friedrich Harding, marido de sua melhor amiga, trata os sintomas como “histeria”, sugerindo práticas médicas retrógradas.
“Para Ellen, essa é uma batalha tanto interna quanto externa,” afirma Lily-Rose Depp. “Ela lutou a vida toda para aceitar a escuridão dentro de si e compreender que há muito mais nela do que apenas a esposa perfeita que todos esperam.”
Quando Harding finalmente procura o desacreditado Dr. Von Franz (Willem Dafoe), um personagem inédito criado por Eggers, Ellen encontra alguém capaz de compreendê-la.
“Por ser um excluído da sociedade, Von Franz é o único que consegue enxergá-la verdadeiramente,” destaca Depp. “Ele oferece a ela uma oportunidade de transformar sua escuridão em algo belo.”
O Retorno às Raízes do Medo
A icônica imagem de Nosferatu – garras longas e orelhas pontudas – aterrorizou o público nos anos 1920. Hoje, no entanto, o desafio de Eggers foi reviver esse medo em um público mais acostumado a vampiros glamorosos ou românticos.
Bill Skarsgård (It: A Coisa), que interpreta Orlok, passou por uma intensa preparação, incluindo treinamento vocal com um cantor de ópera para criar uma voz perturbadora.
“A primeira vez que ouvimos o que Bill estava construindo foi por uma gravação,” conta Nicholas Hoult. “Mesmo pelo alto-falante de um telefone, aquilo mexeu com nossos ossos.”
Eggers enfatiza que, para devolver o terror ao personagem, era crucial resgatar suas origens:
“Precisávamos que [Orlok] fosse um cadáver, algo demoníaco – e não um vampiro brilhante.”
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